..Hoje pensei em uma conversa que tive nesses últimos tempos sobre underground e tal, aí me veio a idéia que assim como a pessoa não é aidética e sim contém o vírus da aids não se poder ser alternativo e sim pode se estar no alternativo.
..Quem me disse isso a primeira vez foi o
Paulo Napoli (na foto) e ele passou essa idéia numa entrevista que fiz com ele no
Methodsworld (meu blog anterior a esse) em 2004. Achava que tinha essa entrevista salva no meu pc o que não era fidedigno. Após a frustração e inquietação descobri que o meu antigo blog não foi desativado e que meu cadastro no blogger estava intacto. Após isso e alguns momentos felizes de nostalgia, eu achei a entrevista.
..Na entrevista ele fala de várias coisas que talvez hoje sejam mais visíveis no rap nacional com o jabá cada vez mais presentes e o computador facilitando cada vez mais a vida dos nerds rappers.
Na época ele havia recém lançado o Vida x Game. Hoje, algumas participações a mais, remixes lançados, a idealização da coletânea Raps de Verão e o vinil a venda. É com certeza um dos ícones da história recente do rap nacional.
1 - Quando você "descobriu" o rap?
Eu descobri o rap em 84, pela televisão, que muito antes de se falar em Hip Hop já mostrava uma rapazeada dançando break e um povo cantando os primeiros raps na rua, na época como uma novidade. Faz quase 20 anos.
2 - Como te despertou a vontade de escrever e cantar?
Sempre gostei de escrever mas nunca curti muito ler. Sempre absorvi mais informações pelos ouvidos do que por livros, e quando foi em 93 eu resolvi deixar de ser só um moleque fã de rap para então escrever minhas primeiras rimas.
3 - Você fala bastante do nerd rap, tanto é que até fez uma comunidade no Orkut chamada ”Fuck Nerd Rap”. O que vem a ser o “nerd rap”? Você pode citar exemplos?
Nerd Rap pra mim é toda forma de frouxa e insegura de se fazer rap. Por que nerd rap? Porque o rap é comunicação e veio "das ruas", com uma linguagem urbana e popular. Daí vem uma meia dúzia de moleques que descobriram o hip hop da noite pro dia, via internet, e começam a dizer que são underground e isso e aquilo... Porém, quando você escuta as letras, a sensação é de que tem um CDF tentando mostrar que sabe mais palavras que os outros, com uma levada xoxa e batidas sem graça. Isso sem contar as letras, que refletem seres humanos tímidos e amedrontados com o palco (já que a maioria pega o microfone e abaixa a cabeça pra resmungar seus versos). Não vou citar exemplos porque eu não quero o meu nome próximo ao desses caras, ok? Rsrs... Porra, “falar difícil é fácil, difícil é falar fácil”!!!
4 - Quais são as suas influências dentro e fora do hip hop?
House Of Pain, Cypress, Funkdoobiest, Ultramagnetic MCs, Brand Nubian, Run DMC, Onyx, KRS-One, Gangstarr, Public Enemy... Minhas influências são basicamente hip hop do final dos anos 80 e começo dos 90, quando tudo era “fresh” e não haviam nerds rimando. Rsrs...
5 - Para você,o que é o underground?
"Underground é uma posição, não um estilo", como diria o rapper Vast Aire, do grupo Cannibal Ox no seu som solo “They’re Frontin”. Você pode “estar” underground e de repente bombar, fazer sucesso se sua música for boa. Underground não é estilo de vestir, nem de rimar e muito menos justificativa pra fazer sons nas coxas. Se sua música é boa, você pode fazer até um som com algo absurdo com um alarme de carro tocando e gravar sua voz com o celular, e fazer estourar, porque será algo original.
6 - Como surgiu a idéia de juntar sons de videogame ao rap como no disco “Vida x Game”?
Quando comecei fazer rap os videogames da época eram os Nintendos (Phantom System, Bit System, Dynacom, etc...) e os Sega (Master System), que eram jogos de 8 bits, com uma resolução sonora inferior, mas original. Daí quando eu fui fazer meu disco eu só juntei uma influencia com a outra: o videogame com o rap. O nome e o conceito "Vida x Game" vem da minha vida no rap e minha paixão pelos videogames 8 bits.
8 - O que você acha dessa "midialização" do rap?
O rap no Brasi está cada vez masi popular, e isso não dá pra negar. Quem tem 20 anos hoje pode achar normal ver vídeos do 50 Cent, Eminem e Snoop Dogg, mas isso na real só começou rolar forte mesmo depois do ano 2000. Lá fora o rap é como o pagode ou o axé é aqui, mas somente agora o rap começa ocupar o espaço que ele realmente merece, e essa superexposição do estilo na verdade é parte desse processo de expansão e reconhecimento que o hip hop vêm conquistando.
9 - Falta alguma coisa no rap nacional?
Na minha opinião, várias. O principal seriam mais artistas com personalidade e não esse monte de seguidor de tendências que virou o rap nacional. Originalidade é fundamental na vida, e não só no rap. Existem muitos grupos com talento, mas se formos levar em consideração o número de grupos que existem no Brasil, esse número de artistas poderia ser maior.
10 - Alguma previsão para algum novo trabalho?
Vários projetos engatilhados, mas nenhuma data definida. To fazendo shows com a rapazeada do Loco Sapiens, que é um grupo novo aqui de Sampa, tenho meu projeto com o Parteum, que qualquer hora vira um disco também, tenho meu próximo disco solo e outras transas mais ousadas fora do rap que ainda não posso anunciar.
http://www.myspace.com/paulonapoliFalando em entrevista...No
site da Boomshot há uma entrevista com o Wildchild que esteve no Brasil se apresentando no lançamento do Volume Único. Na entrevista ele fala sobre o Lootpack, seu contato com o hip hop entre outras coisas...
Indicação do dia: Amp Fiddler - Waltz Of A Guetto FlyAmp Fiddler já tocou com caras como George Clinton e foi ele quem ensinou o J Dilla a mexer na mpc. Preciso falar mais?
Link
No
myspace do grupo A Filial, está disponível algumas musicas novas para ouvir no site mais um makin’ off do novo trabalho do grupo. Rap sofisticado, bom de ouvir, vai lá conferir...
Ta bom por hoje...
[[Nas – NY State of mind]]