Vejamos aqui um breve histórico sobre meus amigos e amizades...
Não me lembro muito bem quando fiz o primeiro amigo nem quem foi, mas posso falar da primeira pessoa que desempenhou esse papel. Era a Cacá. Morava na casa da esquina bem ao lado da minha, sempre discutíamos porque ela morava na “Ricardo Frango” e eu na “Caramelo Interlando”. Os meninos da rua não gostavam muito dela pois eu sempre deixava de brincar com eles para ir na casa dela e ela não era muito de se misturar. Mas com o tempo veio a necessidade daquelas brincadeiras de menino e bem digamos que ela não gostava muito de futebol e não dava para jogar apenas nós dois. Daí passei a ter mais contato com os meninos da rua e depois da mudança dela (achava que ela tinha ido para Jaguarão, mas hoje sei que ela ainda morou mais um tempo aqui antes de ir para o Sul) passei a viver mais na rua. Acordava sábado as seis para soltar pipa, aí com os meninos mais velhos que iam a rua mais cedo rolava um jogo de bola chamado “controle” (não sei se chama assim em todos os lugares), ia almoçar e quando voltava já estava todos jogando golzinho na rua e antes do lanche rolava uma sessão básica de Mega-Drive; após o lanche rolava aquelas brincadeiras que ficam mais divertidas ao anoitecer ou se algum fresco falava que não ia tomar mais banho rolava Super-Trunfo. Eu reclamo de Campo Grande, mas uma coisa eu tenho que admitir, ser criança aqui não é tão ruim, pelo menos não era... Nessa Época meus amigos eram o Erick, o Pinho, o Fernando (que era o único que não era da rua) e o Thiago. O Erick era uma espécie de amigo-rival sempre disputávamos algo, já o Thiago era mais novo, sempre me irritava e quando eu batia nele e ele contava pra mãe ela ia até a mim falar que eu podia passar corretivo nele sempre que ele passasse da linha, o Pinho e o Fernando eram companheiro das tardes, mais velhos sempre me enrolavam. Era o seguinte: o Thiago era aquele que era mais novo mas sempre me irritava por sempre ser bom em alguma coisa tanto quanto eu, o Erick eu via esporadicamente mas ele tinha inveja porque eu chamava Chico na rua e Augusto na escola e ele só tinha um nome e os outros dois eram os que me colocavam sempre em furadas. Mas numa dessas furadas acabei conhecendo as próximas pessoas em questão. Eles subiam toda tarde no telhado da casa do Pinho para ver duas meninas que passavam a tarde sentadas na rua de trás, um certo dia resolveram conversar com elas e eu fui junto. Conheci não só elas como os irmãos e vizinhos delas e acabei ficando na rua de trás enquanto os outros dois tentavam o que bem, acabaram não conseguindo. Na rua tinha outro Fernando, o Raphael, o Gustavo e logo por interesses comuns (Cavaleiros do Zodiaco) conhecemos o Caio, ele morava na rua de cima, um belo dia ele ia pra calçada de sua casa brincar quando pegou uns guris roubando manga árvore que ali tinha, ele tinha um boneco que nunca tínhamos visto, aí começou a interação. Durante uns 3 ou 4 anos nós 4 (pois o Fernando se mudou em seguida) reuníamos toda a tarde na casa do Caio, para jogar bola, bater bafo, ver o Caio ser zuado pela irmã dele... eu acabei mudando de lá mas quando comecei a andar de skate ia todos os dias pra “vila” e assim mantive o contato que permanece até hoje. Minhas irmãs moravam lá na área, eu comecei a ir mais na casa delas, lá tinha tv e comida e vira-e-mexe rolava uma carona pra casa, quando parei de andar de skate elas foram as minhas amigas (não que não sejam até hoje). Na escola eu acabava de conhecer o Diego. Logo ele passou a freqüentar a casa das minhas irmãs. Era bem divertido apesar de todos serem mais velhos que a gente eles tinham gosto e atividades que nos aproximavam. Os domingos eram os melhores dias. Ficávamos longas tardes na frente da tv e minhas irmãs preparavam um lanche no fim da tarde pois sempre minha tia e sua família aparecia por lá. Seed do The Roots me lembra essa época. O Diego entrou mais cedo na faculdade e fez alguns amigos lá que logo formariam o “grupo seleto”. Juntaram-se a nós a Thaisa, a Marla, o Thomás, o Jessé, o Vitão e o Milson, este último foi o primeiro a se desligar do grupo. Fazíamos reuniões na casa do Diego, com sinuca na sua mesa com a famosa “boca maldita”, a carne no fogo era a horrível bananinha que é a mais prática e no fim íamos para o lugar onde a banda de Blues do Vitão iria tocar. O grupo se desmantelou aos poucos. Mas ainda sim há reuniões não tão bem organizada como as de antes e não com tanta freqüência. “Amigos na faculdade? Não estou aqui pra isso.” Era o que dizia. Mal sabia eu que um japonês louco cruzaria o meu caminho e junto traria mais um grupo de loucos, loucos mas legais...
Vou ficar por aqui, não dá pra citar todo mundo, o engraçado é que elaborei na minha cabeça como faria esse texto a semana passada inteira, mas não acreditava que colocaria ela no papel, mas ontem com a noticia que um desses que está no texto nos deixou, me fez pensar na importância das pessoas que estão na minha volta. Não são apenas mais contatos no msn, na lista do celular ou no orkut, é uma pequena grande família...
3:50 PM
Impressionante como você consegue sintetizar sem banalizar, Chiquito.
Esse poder de relatar coisas longas em "poucas" linhas sem deixar de valorizar pequenos detalhes é fantástico.
Fico feliz por ter meu nominho em seu histórico de amizades.
Saudades de não-sei-o-quê!
Beijos